quarta-feira, 22 de agosto de 2012

A Felicidade - Epicuro


Prazer moderado – Epicuro

 

      Para Epicuro, a felicidade é o prazer resultante da satisfação dos desejos, mas a felicidade é fundamentalmente prazer, pois para ele tudo no mundo é matéria e, no ser humano, sensação, inclusive a felicidade. Assim, ser feliz é sentir prazer.
      Com base nessa visão sensualista (baseada nas sensações), Epicuro dirá que todos os seres buscam o prazer e fogem da dor, e que, para sentirmos felizes, devemos gerar, primeiramente, as condições materiais e psicológicas que nos permitam experimentar apenas o prazer na vida. E prazer, para ele, é sobretudo a ausência da dor.
      Estratégias: eliminação de certas crenças, eliminação ou moderação dos desejos e prudência racional e ataraxia.
      1-Eliminação de certas crenças – uma das principais causas de angústias e infelicidade são as preocupações religiosas e as superstições. Se refere ao temor que nos impõem certas crenças e religiões.
       Todo esse sofrimento pode ser evitado, se as pessoas compreenderem que o universo inteiro é constituído de matéria, inclusive a alma humana. Tudo o que acontece pode ser explicado pelo movimento aleatório dos átomos, que produz forças cegas e indiferentes ao destino humano.
      Mediante essa compreensão materialista do universo e do ser humano, Epicuro sustentava que as pessoas também se livrariam do medo da morte, grande fator de angústia e infelicidade.
      2-Eliminação ou moderação dos desejos. Há três tipos de classificação dos desejos:
. naturais e necessários – como os desejos de comer, beber e dormir;
. naturais e desnecessários – desejos de comer alimentos refinados, tomar bebidas especiais e caras e dormir em lenções luxuosos;
. não naturais e desnecessários – desejos de riqueza, fama e poder.
      Para Epicuro quem espera muito sempre corre o risco de se decepcionar. Ele recomendava que as pessoas eliminassem todos os desejos desnecessários e se permitisse apenas os naturais e necessários, e mesmo assim com moderação.
      Contentar-se com pouco seria o segredo do prazer e da felicidade. Com a expectativa reduzida, não há decepção e um grande prazer pode advir de um simples copo de água. Gozar o prazer eventual de um banquete ou de um cargo elevado não é proibido, mas não deveria ser desejado sempre, pois, mais cedo ou mais tarde, viriam a insatisfação, o desprazer, a infelicidade.
      3-Prudência racional e ataraxia – alguns prazeres são superiores a outros. É necessário, portanto, avaliar a ação de cada um deles e agir com prudência racional. Para seguir o caminho da felicidade é preciso escolher os prazeres de maneira racional, conduzindo o indivíduo a autarquia (governo da própria vida). Pela autarquia, ascenderemos a ataraxia (estado de impertubabilidade da alma caracterizada pela indiferença total ao que ocorre no mundo). Esse seria o objetivo último, felicidade suprema dos epicuristas.
 

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Aristóteles e a felicidade


Vida teórica e prática – Aristóteles



      Aristóteles refutou a teoria do mundo das idéias de Platão, propondo um pensamento que, embora valorizasse a atividade intelectual, teórica, contemplativa como fundamental, resgatava o papel dos bens humanos, terrestres, materiais para alcançar uma vida boa.

      Contemplação intelectual – como Platão dizia que a finalidade última de todos os indivíduos é a felicidade.

      Afirma que um ser só alcança seu fim quando cumpre a função (ou finalidade) que lhe é própria.

      O ser humano dispõe de uma grande quantidade de funções (caminhar, correr, comer, sentir, dormir, desejar, etc) como outros animais, mas só ele possui a faculdade de pensar, sua virtude essencial.

      O ser humano só alcançará seu fim se atuar conforme sua virtude, a razão. E não basta ter uma virtude, é preciso praticá-la.

      Para atingir a felicidade verdadeira o indivíduo deveria dedicar-se fundamentalmente a vida teórica, no sentido de uma contemplação intelectual, buscando observar a beleza e a ordem do cosmo, a autêntica realidade das coisas a vida inteira.

      Outros prazeres e virtudes – Aristóteles dizia que a companhia da família e dos amigos, a riqueza e o poder e o prazer de desfrutar desses elementos, promoveriam o bem estar material e a paz social. Indispensáveis a vida contemplativa.

      Por outro lado o gozo de tais prazeres estaria vinculado também ao exercício de outra virtudes humanas – como a generosidade, a coragem, a cortesia e a justiça- que em conjunto, contribuem para a felicidade completa do ser humano.

      A felicidade seria uma vida dedicada a contemplação teórica, aliada à prática das outras virtudes humanas e sustentada pelo bem-estar material e social.







sábado, 2 de junho de 2012

A Felicidade


Platão – a felicidade através do conhecimento e da bondade
         Eudamonia (grego antigo) significa bem ou poder concedido pelos deuses. A felicidade era tida como um bem instável que dependia tanto da conduta pessoal, como da boa vontade divina.
         Platão e Sócrates foi um dos principais pensadores gregos que contradizeram essa instabilidade, em busca de uma felicidade estável.
        Para Platão o mundo material (dos cinco sentidos) é enganoso. Nele tudo é instável e por meio dele não pode haver felicidade, então é o abandono das ilusões dos sentidos em direção ao mundo das idéias, até alcançar o conhecimento supremo da realidade, correspondente da idéia do bem.
        Ginastica e dialética – para Platão, o ser humano é essencialmente alma, que é imortal e existe previamente ao corpo. A união da alma com o corpo é acidental, pois o lugar próprio da alma não é o mundo sensível, e, sim, o mundo inteligível. A alma se dividiria em três partes:
·           Alma concupiscente – situada no ventre e ligada aos desejos carnais;
·           Alma irascível – situada no peito e vinculada as paixões e
·           Alma racional – situada na cabeça e relacionada com o conhecimento.
      A vida feliz de uma pessoa dependeria da devida subordinação e harmonia entre essas três almas. A alma racional regularia a irascível, e esta controlaria a concupiscente, sempre com a supervisão da parte racional.
         Para apoiar essa tarefa, Platão propunha duas práticas: ginástica e dialética.
        Ginastica – atividade física por meio da qual a pessoa dominaria as inclinações negativas do corpo.
         Dialética – método de dialogar pelo qual se ascenderia progressivamente do mundo sensível ao mundo inteligível, onde se encontram as idéias perfeitas.
        Idéia do bem – por meio dessas práticas, especialmente da dialética, a alma humana penetraria o mundo inteligível, conhecido com mundo das idéias, e se elevaria sucessivamente mediante a contemplação das idéias perfeitas, até atingir a idéia suprema, que é a idéia do bem. A felicidade é o resultado final de uma vida dedicada a um conhecimento progressivo até atingir a idéia do bem. Aquele que alcança o conhecimento verdadeiro (bem) torna-se um ser melhor em sua essência e, por isso, vive mais feliz.
        Bem de todos – Platão entende que a mais nobre de todas as ciências é a política. Estabeleceu como meta político-filosófica definir o caminho para o bem de todos (bem comum). Propôs em A República, uma sociedade ideal. Nela cada indivíduo teria uma função social(definida em três grupos: produção dos bens materiais e de alimentos, defesa da cidade e administração da pólis) que lhe é própria, natural, respectivamente em três tipos: produtora, guerreira ou sábia.
        A aptidão de cada um seria identificada durante o processo educativo, igual para todos. Os filósofos – considerados os mais sábios e conhecedores do caminho da felicidade – seriam destinados aos cargos mais altos, tornando-se os governantes da cidade. Dentro dessa organização todos seriam felizes, porque estariam cumprindo a função para qual é mais apto por natureza.

domingo, 27 de maio de 2012

A coruja - símbolo da filosofia


Por que a coruja é o símbolo da Filosofia?

     A deusa de atenas (Athena ou Minerva), tinha como mascote um pássaro exótico: uma coruja. Tal pássaro, extremamente observador, curioso e possuidor de uma visão apuradissíma, era a principal companhia daquela deusa, considerada a protetora principal da cidade de Atenas, uma das cidades mais importante daquela época. Além disso, era considerada a deusa das batalhas, do trabalho e da sabedoria, pois conforme a mitologia grega era uma mulher extremamente sábia e também uma forte guerreira.
      A coruja é uma ave peculiar. Tem olhos enormes. Enxerga muito bem à noite. É capaz de enxergar coisas numa escuridão total. Os olhos da coruja representam a razão, (logos), instrumento utilizado pela Filosofia. A razão é capaz de iluminar as coisas mais sombrias e obscuras. Ilumina, traz à luz assuntos e problemas que a maioria das pessoas olha, mas não "enxerga". É capaz de transcender o imediato e aquilo que é encoberto pela ideologia e as convenções sociais. Desvelar o que está oculto e aparente, e relacionar o que está "fragmentado". Olhar as coisas com os "olhos" do intelecto, é ver por dentro, o que muitos só veem por fora. Buscar e mergulhar além das aparências e encontrar a essência, o fundamento ou a raiz do problema. Criticar, analisar, comparar, relacionar, refletir, problematizar, duvidar e continuar interrogando são os atos do filosofar propriamente dito.
     Por outro lado, o pescoço da coruja é constituído de tal forma, que a possibilita girá-lo e ver as coisas através de vários ângulos. É o que faz a Filosofia, procura a verdade atravéz de vários ângulos. Uma verdadeira Filosofia é inimiga dos dogmas, das verdades absolutas e eternas. 


Texto: Eliana Soares